C. N.
Sobretudo pelo inusitado
(no mundo moderno) da posição deste blog quanto
às artes em geral e à música em particular (vide
nossa Apresentação), convém de vez em quando repisá-la. E fazemo-lo aqui da
forma mais simples: cabe à sacra Teologia não só determinar o fim último de
todas as ciências (especulativas ou práticas) e de todas as artes, mas, em
razão disso, cingir o campo em que todas podem desenvolver-se. Naturalmente,
nenhuma peça musical, ainda que se destine ao fim justo, pode ser boa se for
artisticamente falha; mas nenhuma peça musical artística ou tecnicamente
conseguida será simpliciter boa se
não se sujeitar ao fim e aos limites que lhe dita a sacra Teologia. E isto
decorre do mais singelo dos raciocínios: se tudo se ordena ao Fim último,
incluindo os objetos imediatos ou os fins intermediários (no caso da música,
criar beleza sonora e deleitar ou enlevar o ouvinte), e se a sacra Teologia está
sob a luz da ciência do próprio Fim último, então nada mais natural que caiba a
ela o dito acima. Um exemplo para encerrar – por ora – o assunto: a Apassionata de Beethoven é
conseguidíssima do ângulo técnico-artístico; mas, porque expressa uma
exacerbação apaixonada que arrasta o ouvinte, e porque tal exacerbação é contrária
aos limites ditados pela sacra Teologia, não se pode dizer boa simpliciter. Outro exemplo: um nu
perfeitamente esculpido e perfeitamente sensual não se pode dizer arte simpliciter boa – e deve ser evitado.
Voltaremos ao tema não só aqui, mas, muito mais aprofundadamente, em livro.
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