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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Música japonesa com grandes instrumentistas


C. N.

Recomendo vivamente estes dois CDs: Japanese Folk Melodies, com Jean-Pierre Rampal na flauta, e Sakura-Japanese Melodies for Flute and Harp, com Rampal e Laskine. Conheço um pai que fundou a educação musical de seu filho, desde a mais tenra idade, em Mozart e nestes dois CDs – e afianço que com resultados magníficos.
Mas para todos são uma rara oportunidade de conhecer a bela música nipônica. E nunca é demasiado lembrar que do Japão nos vieram grandíssimas formas artísticas e grandíssimos artistas: por exemplo, o haicai (ainda que nem sempre por seu fundo), e, no cinema, o Kurosawa de Céu e Inferno e de Derzu Uzala e, sobretudo, Yasujirō Ozu, cuja cinematografia, à parte as limitações próprias da origem, é a mais pura poesia do familiar e do doméstico. É obra sem similar, e conseguiu fazer até que, sob sua influência, o entediante e confuso Wim Wenders realizasse seu único filme com alguma vida (Paris, Texas).
Mas este é assunto para outro espaço, em que me ocuparei do cinema. Por ora, fiquem com estas pérolas: 

Moon Over the Ruined Castle 

Sakura 

Symphony No.3 in F-major, Op.40 (1907), de Erkki Melartin, um dos maiores sinfonistas

C. N.

Só a ditadura da cacofonia instaurada no século XX – ditadura para a qual contribuíram a ganância da indústria da música e o esnobismo fátuo do público – é capaz de explicar como podem ter caído no esquecimento compositores como Erkki Melartin (Finlândia, 1875-1937). Esse homem de saúde delicada e de gênio, é autor de grande quantidade de peças musicais, das mais variadas formas. Mas é especialmente grande sinfonista, o que acabo de descobrir. Por isso mesmo, na série sobre A Sinfonia tratarei uma a uma também as suas seis. Deixo-lhes porém desde já uma que está entre suas maiores, a terceira, digna de contar-se entre as de Bruckner, as de Mahler, as de Schmidt; e desprezem a pintura que se estampa no Youtube: não tem nada que ver com a obra.
Observação. Contemporâneo e conterrâneo de Jean Sibelius (1865-1957) – que sempre escutou com lágrimas nos olhos as sinfonias de Bruckner, para ele o maior compositor de todos os tempos –, a obra do Melartin sinfonista tem influência múltipla: Bruckner, Mahler, o mesmo Sibelius, etc. Mas não se trata de epígono: é artista de voo próprio, e sua obra, como a de todos os grandes artistas, mescla suas influências numa síntese de todo particular.