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sábado, 30 de julho de 2016

Análise das sinfonias de Bruckner – II: As primícias (2)


2. Abertura (Overtüre) em sol menor (G. A. 63)

Esta Abertura é uma das mais originais das obras brucknerianas de estudo. Com efeito, encontram-se nelas já importantes traços do futuro sinfonista, conquanto ainda seja algo acentuada a presença de outros: Schubert, pela semelhança dos primeiros compassos com Alfonso e Estrella; e Mendelssohn, sobretudo pelo tema de seu Allegro principal. Mas a feição geral é antes clássica. De fato, Bruckner pode aqui familiarizar-se com a forma sonata, ainda que o faça antes para ir além dela.
Analisa-a Langevin:

«Adagio – Allegro non tropo. 293 compassos, C, sol menor.
Dois elementos fortemente contrastados formam a matéria da introdução lenta: o tutti em salto de oitava (comp. 1), imediatamente seguido de um solo de violoncelo (comp. 3) que se desenvolve brevemente segundo um tratamento contrapontístico com reforço do ritmo. O Allegro principal toma impulso, no compasso 23, nos violinos, sobre um staccato das violas. Logo, largos acordes de toda a orquestra, aos quais respondem rápidas cascatas das cordas, afirmam o caráter imponente que o compositor pretende dar à sua obra. A melodia do segundo grupo (comp. 64, em si bemol maior), igualmente tocada pelos violinos, é anunciadora dos grandes temas líricos das futuras sinfonias: ninguém além de Bruckner teria podido escrever este episódio, muito modulante, com a resposta, igualmente típica, das madeiras (comp. 72).
 O desenvolvimento abre-se, no compasso 92, sobre os grandes acordes do primeiro grupo. É extenso (100 compassos) e muito animado. A reexposição (comp. 192) efetua-se regularmente no tom principal; é sensivelmente reforçada, e desemboca numa vasta peroração (quase um segundo desenvolvimento!), fundada também na ideia secundária do primeiro grupo. Quando reaparece o tema principal (comp. 281, na trompa), dá lugar ao que bem se pode chamar o primeiro traço de gênio de Bruckner: uma resposta, de odor deliciosamente pastoral, dos clarinetes seguidos dos oboés, sobre calmos conjuntos de cordas. E a orquestra inteira une-se para os largos acordes conclusivos.
Composta de 24 de dezembro de 1862 a 23 de janeiro de 1863, a Overtüre foi impressa pela primeira vez em 1921 (Universal Edition), com indicações de movimento e de acentuação completadas por Josef von Wöss. No mesmo ano, foi executada sob a regência de Franz Moissl.» 

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