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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O arrependimento do poeta Bocage à beira da morte


Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento 
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente impia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

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