“Deve considerar-se o grande órgão como um instrumento ou como uma
orquestra, um conjunto de instrumentos movido por um só indivíduo? Inclinar-nos-íamos
felizes pela segunda definição. Em todo caso, é o instrumento polifônico por
excelência; representa o poder
infinito. Nada lhe é impossível. Se o violino é o rei da orquestra, o órgão
deve ser o deus, pois, cada vez que se digna mesclar seus acentos, é para
dominá-la, protegê-la ou sustentá-la. Não aparece jamais senão como amo
supremo, dominando sempre com serena majestade por sobre as massas sonoras que
parecem a partir de então fundir-se sob seus pés. [...] [Os organistas] são,
entre todos os virtuosos, aqueles cuja prática exige o máximo de sagacidade e
de adequação, assim como a maior quantidade de erudição. O conhecimento
profundo do complexo instrumento; seu manejo, que exige uma limpeza de execução
de que os pianistas nem têm ideia; o agrupamento dos jogos [dos tubos], que é
uma verdadeira orquestração; o estudo especial do teclado de pedais e da rica
literatura musical do instrumento não constituem mais que uma pequena parte de
seu saber [...]. Assim, se o órgão é realmente o instrumento dos instrumentos,
como diz seu nome latino (organa), o
organista é também o músico dos músicos: deve possuir, ademais, ciências
técnicas, harmonia, contraponto, fuga... a inspiração, o gênio criador das
formas musicais e uma presença de espírito especial, sem a qual todo o seu saber
estaria condenado à esterilidade” (Albert Lavignac, La música y los músicos, Buenos Aires, El Ateneo, 1948, p. 72 e 81).
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